Lilly Farias
A amiga que alegrava minhas manhãs acaba de virar a curva daquela estrada e não consigo mais enxergar sua sombra que se afasta. O rapaz meio sombrio, que era tão boa compania para um vinho barato nos fins de tarde monótonos, eu não vejo mais. As músicas antigas, cantadas e gritadas por uma juventude com cheiro de revolução pararam de tocar. Os papéis ficam amarelos e cheios de poeira nas caixas. E eu encaixoto meus sonhos, as imagens que guardei na lembrança, os cheiros e gostos da juventude. Encaixoto os velhos sentimentos e levanto, ainda atordoada, para dar novas cores ao pouco que sobrou.