Lilly Farias
Meu poeta favorito sempre teve o mesmo nome, e sempre me encantou com os sentimentos que eu roubava de seus poemas. Hoje eu acordo respirando a poesia que vem trazida pelo vento e entra pela janela. O seu nome tão lindo e seus versos melodiosos ecoam na minha mente. E hoje...

"Meu poeta eu hoje estou contente
Todo mundo de repente ficou lindo
Ficou lindo
Eu hoje estou me rindo
Nem eu mesma sei de que
Porque eu recebi
Uma cartinhazinha de você"
Lilly Farias
Quando chega dezembro os mesmos sentimentos reaparecem. É sempre um longo dezembro.



Lilly Farias
Chove sobre as superfícies inundadas da alma. As gotas sobem do chão e entram pela pele reivindicando seu espaço primeiro. Os átomos de cada corpo se agitam e se debatem na revolução dos subsistemas. Desejos que nascem nos olhos e morrem na boca. As mesmas bocas que discutem as obras de Buñuel e Salvador Dalí. Não existem bocas, não existem olhos, nem braços, nem pernas: apenas o suor e os sons abreviados pelo espaço inerente. Como tudo acaba em palavra, existe, por fim, um palavra: Surreal.
Lilly Farias
Exposição Cubista. Foi lá que eu me encontrei novamente. E foram conversas de valsas e velas, longas horas fragmentadas em formas geométricas.
Lilly Farias
Foi o reconhecimento de mim mesma e uma incrível sensação de deslumbramento. Realmente era eu quem estava na multidão. E lá estava eu novamente.
Não mais me reconhecia apenas na vibração dos sentimentos que perpassavam corpo e mente e na comunicação entre os meus olhos que estavam em dois corpos diferentes. Eu me reconhecia na voz, no timbre, nas mãos, nos poemas e na vontade de voar.
Lilly Farias
O som das bandas de rock era estridente, mas o silêncio que reinava em mim era profundo.
Havia dito várias vezes naquele mesmo dia que me sentia uma estrangeira no mundo em que nasci. E agora estava perdida no labirinto daquelas vozes que nada diziam, nada significavam.
Na tentativa vã de me entender, eu me olhei. Eu estava na minha frente e não parava de me olhar. Eu estava em dois corpos. O outro eu era um imã e eu o reconheci.
Lilly Farias
Ele me esperou. Eu cheguei. E não mais nos separamos. Mas, se o conceito de separação é relativo, talvez estivéssemos juntos desde antes de nascermos.
Ele é uma parte minha, mas que de tão diferente de mim, me faz crer que somos almas complementares. Ele é quem faz brandas as minhas agonias mais loucas.
Ele é a paz nas minhas sucessivas tormentas. Mas somos forças complementares, somos Yin Yang.
Queremos paz e desejamos que a luz da alma humana volte a interagir com a força da natureza de forma plena. Apenas temos meios diferentes de desejar.
Porque ele silencia quando eu grito. Ele respira quando eu sufoco. E ele só sente o vento bater, enquanto eu ardo na minha revolução.
Nossos caminhos partem e retornam, se aproximam e se distanciam em perfeito equilíbrio. Em todas as minhas partidas, mesmo nos mais profundos mergulhos em oceanos longínquos, e até naquela viagem que alguns crêem sem retorno, ele estará comigo. Porque ele está no meu espírito, ou porque ele é o menino dos meus olhos.