Lilly Farias
Eu não trocaria ser quem eu sou por nada no mundo. Mas, de repente, todas essas imagens e todos esses números me imbecilizaram. E, quando eu olhei pro céu, aos 21 anos de idade, o presente, o passado e o futuro desabaram em mim como chuva de verão: unidos, torrenciais, uma coisa só.
O céu se tornou uma tela de cinema. E eu assisti tudo como sempre fiz: no escuro, na platéia, tentando me sentir como os outros se sentem, tão fora de mim. E o céu ia me engolindo em uma realidade que eu não sabia julgar se era real ou virtual. Tudo que eu amei loucamente, tudo que mais me fascinou eram, coincidentemente, as mesmas coisas que me aterrorizaram e me paralisaram. 
E o passado é como antigos papéis manchados de café... poemas escritos intensamente, quando a vida gritava de alegria e quando o coração era um velho louco nas ruas antigas de uma cidade fria e sem nome. 
Hoje, olhando para o céu, celebro a união dos tempos com a minha garrafa de vinho e o meu velho companheiro louco e desesperado.
1 Response
  1. Ary Guilherme Says:

    Se as ondas deste sinuoso rio insistir em me jogar a lama e o lixo, o esgoto e o escroto, plasmado da minha própria essência de plástico, eu deixarei-me afogar, para que minha humanidade mate-se. Em minha primitiva alma primata.

    "Só a vossa decidida, compacta comparecência, clemente mercê, faz com que eu me sinta não de todo abandonado na minha pobre indigente posição indigente..." - Cabeça, Tronco e Membros.


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