Lilly Farias


   Vento, eu estou em silêncio. Quero que o meu silêncio seja uma prece. O mundo é tão grande e o meu coração é tão desesperado... ele sente muita vontade de fugir. Fugir pra bem longe daqui, para onde o passado seja uma remota lembrança sem nostalgia. Algum lugar onde eu consiga enganar o meu Mapa Astral, onde a minha vontade seja soberana e a minha mente possa voar livre sobre as árvores, sobre o azul do mar e sobre o tempo.
   Vento, por aqui a vida não faz sentido. Nesse lugar eu me perdi de mim, eu esqueci a minha ideologia, as minhas crenças, a minha razão e a minha poesia. Nesse lugar eu afastei de mim tudo que fazia o meu coração bater e agora ele está em silêncio, como eu.
   É por isso que eu quero ir embora. As ruas desse pequeno lugar são o retrato do meu passado que eu tento desesperadamente esquecer. E eu... Ah! eu queria tranformar o amor em ruína. E eu queria abandoná-lo esta noite.
   Não levo bússola, não levo mapas e nem fotografias. Todas essas coisas nos tornam ainda mais perdidos. Mas eu levo o meu triste coração como guia e eu te seguirei para onde for, vento. Para além de todas as coisas irá comigo o meu silêncio.
  
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