Lilly Farias

Medo de amar.
Medo de trovões.
Medo de falar em público.
Medo de decepções.
Medo da solidão.
Medo da Vida.
Cultura do medo.

O medo é um sentimento de alerta diante de ameaças físicas ou psicológicas. A ilustre senhora que acompanha o medo é a ansiedade, um sentimento que precede o encontro com a situação ou o objeto do medo.

Anos atrás, quando chovia e os trovões inundavam a casa com o seu som estridente, uma menina de olhos arregalados corria para a cama dos pais. Apenas aquele pequeno canto do planeta era seguro, e o resto do mundo era inóspito e sombrio.
Agora, diante de tempestades de expectativas, dúvidas e anseios, para essa mesma menina, que possui os  mesmos olhos e o mesmo sentimento, não há lugares seguros.
A sociedade espera, cobra e impõe. Nasce o medo da não adequação aos padrões, medo do fracasso, medo de não ter.
Se, por ventura, a menina não se sentir feliz dentro dos moldes estabelecidos, germinará o medo da loucura e da solidão.
O filósofo Ralph Waldo Emerson dizia: " Faça aquilo que você receia e a morte do medo será certa".
Então, querida menina, por favor: quebre as regras, prefira "ser" ao invés de "ter" e deixe o pensamento se libertar! Você vai descobrir que a loucura e a solidão podem ser opções agradáveis.
4 Responses
  1. Considerações à uma menina-flor.
    Há percepções que definitivamente não podem ser traduzidas no âmbito da linguagem convencional. Desvendar o que convulsiona os fundamentos de uma alma, aquilo que a faz mover-se ou recolher-se feito um animalzinho assustado... Quando muito, devemos silenciar, permitindo que as entrelinhas desse quadro ímpar expressem aquilo que não se pode desenhar sem que a sacralidade do momento seja violada. Diga-me,Anima,Afinal,como me seria possível definir ou pelo menos chegar mais perto desse "eu" que não está restrito a qualidades, funções e demais tipos psicológicos? Quem está por trás desse desenho, tão eivado de um tipo de emoção que parece querer estar em tudo, ser tudo, mergulhar no Si-mesmo? Excertos de uma alma que sabe para onde não deseja ir... Como posso me tornar alguma coisa imaterial, como confudir-me com os seus olhos, para, assim,imergir nos recessos mais profundos? Quem está aí?Decifrá-la é tarefa de uma vida... vejamos até onde posso enxergar, sem que as demandas do espaço-tempo me ofusquem a leitura...Fada,sacerdotisa, autora,apaixonada pelas expressões múltiplas da natureza, publicitária,leitora compulsiva, escorpiana,elfa verdinha, bichinho que mora ao lado do regato,poeta,filha,irmã,neta,sobrinha, prima,amiga,crítica implacável de si mesma,apaixonada pelo inefável,amiga de um "outsider" que vive à distância... Tipos psicológicos que se justapõem, configurando um amálgama de representações que quase traduzem uma vida,um amplo e profundo campo de girassóis... Bem ali, se posso chegar um pouco mais perto,vejo páginas de um livro que definitivamente não está acabado... Acontece que o protagonista, uma flor astral, antevendo a amplitude dos horizontes à frente, que a esperam serena e sedutoramente, permite que certo fator autolimitante [excesso de bom-senso, sensatez, temeridade, amor próprio...Vai se saber!] faça ninho em seu coraçãozinho. Ora, orgulhosa, inteligente, bravinha, percebendo que não haverá retorno, se e quando permitir-se ultrapassar aquilo que lhe fora imposto por outrem, compreende que todos os entraves dissolver-se-ão...


  2. Conforme nos parece bem nítido, essa flor parece tentar em vão esconder-se daquilo que fora traçado por sua própria alma... Medo do quê, de quem? Seria uma espècie de medo de não sentir medo, visto que isso lhe faria voar ainda mais alto? Então, querida menina-flor,nada é preciso fazer, é suficiente se deixar fluir na Corrente do Tao... Esse tal de medo é o exato oposto daquilo que se convencionou chamar de amor. Ame o amor, por ele mesmo. Ame aquela flor, cuja arquitetura você ainda está por delinear. Que tal dissecarmos esses medos?! Vamos lá... Medo da solidão?! Quem, você, flor?!Como você estará eventualmente sozinha, se a sua companhia é tão benéfica para tantos?! Você, nós outros, somos construções coletivas [até mesmo o inconsciente tem estrutura coletiva!], a solidão não pode bater à sua porta... olhe com cuidado à sua volta... alguém que identifica-se tanto com a natureza, não será jamais por ela abandonado(a)! Medo de amar?! E quanto aqueles que amam amar você?!Há muito amor no seu entorno, menina-flor! Medo dos trovões?! A física básica resolve... Quando chegam os trovões, os raios já subiram aos céus[sim, eles sobem, na verdade!], portanto, não há perigo algum! Medo de falar em público?!Sociedade, público, multidão, humanidade, etc., não são coisas reais [as palavras e as coisas não são a mesma coisa]... são abstrações. O que há são pessoas, exatamente que nem você, menina-flor! Medo de decepções?! Bom, de qualquer forma, as pessoas criam expectativas [falsas, projeções artificiais...] em relação a nós outros... Acabam reagindo de forma esquisita, diante de nosso arbítrio legítimo... Temos que dizer-lhes um sonoro não!Gente decepciona gente!Nada de novo debaixo do céu, menina-flor!Medo da vida?! A vida é movimento... visto ser movimento, dinâmica, nunca permanece exatamente a mesma! Por que temer o que é volátil, impermanente?! A vida é a expressão de uma Ordem Implicada... essa é imutável,porém, os roteiros que seguimos "acima" [Ordem Explicada] são transitórios, menina-flor!Algum dia tudo isso estará lá no sótão de sua consciência... Serão lembranças! A propósito, do que estávamos falando mesmo?! Ah, de um jardim imenso, repleto de flores, cujos corações movem-se por um querer que nem é assim tão pessoal, porém, convenhamos, lá no que há de essencial, somos todos os mesmos... Desejamos amar e ser amados...
    Dê-me a sua mão...


  3. Resposta ao Tempo
    Nana Caymmi
    Composição: Aldir Blanc/Cristovão Bastos

    Batidas na porta da frente
    É o tempo
    Eu bebo um pouquinho
    Pra ter argumento

    Mas fico sem jeito
    Calado, ele ri
    Ele zomba
    Do quanto eu chorei
    Porque sabe passar
    E eu não sei

    Num dia azul de verão
    Sinto o vento
    Há folhas no meu coração
    É o tempo

    Recordo um amor que perdi
    Ele ri
    Diz que somos iguais
    Se eu notei
    Pois não sabe ficar
    E eu também não sei

    E gira em volta de mim
    Sussurra que apaga os caminhos
    Que amores terminam no escuro
    Sozinhos

    Respondo que ele aprisiona
    Eu liberto
    Que ele adormece as paixões
    Eu desperto

    E o tempo se rói
    Com inveja de mim
    Me vigia querendo aprender
    Como eu morro de amor
    Prá tentar reviver

    No fundo é uma eterna criança
    Que não soube amadurecer
    Eu posso, ele não vai poder
    Me esquecer


  4. Amor de Índio
    Beto Guedes
    Composição: Beto Guedes/Ronaldo Bastos

    Tudo que move é sagrado
    E remove as montanhas
    Com todo o cuidado
    Meu amor
    Enquanto a chama arder
    Todo dia te ver passar
    Tudo viver a teu lado
    Com arco da promessa
    Do azul pintado
    Pra durar
    Abelha fazendo o mel
    Vale o tempo que não voou
    A estrela caiu do céu
    O pedido que se pensou
    O destino que se cumpriu
    De sentir seu calor
    E ser todo
    Todo dia é de viver
    Para ser o que for
    E ser tudo
    Sim, todo amor é sagrado
    E o fruto do trabalho
    É mais que sagrado
    Meu amor
    A massa que faz o pão
    Vale a luz do teu suor
    Lembra que o sono é sagrado
    E alimenta de horizontes
    O tempo acordado de viver
    No inverno te proteger
    No verão sair pra pescar
    No outono te conhecer
    Primavera poder gostar
    No estio me derreter
    Pra na chuva dançar e andar junto
    O destino que se cumpriu
    De sentir seu calor e ser tudo
    Sim, todo amor é sagrado


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